REVISÃO DO FÓRUM DE GOVERNANÇA DA INTERNET DA AMÉRICA LATINA E CARIBE (LACIGF)
PROCESSO DE CONSULTA PÚBLICA, RELATÓRIO E CONCLUSÕES
Por Raúl Echeberría
1. Introdução e
Antecedentes
O LACIGF foi um dos primeiros fóruns
regionais de governança da Internet. A primeira edição foi realizada em 2008,
por iniciativa de três organizações da região: APC, LACNIC e RITS.
Nesse contexto, a organização do
fórum dependia das decisões tomadas pelo comitê organizador. A comunidade ao
redor do LACIGF era pequena; o principal objetivo dos primeiros anos era não
apenas fomentar um ambiente inovador para a discussão das questões de
governança da Internet, mas também criar uma comunidade e tornar esse fórum
emergente conhecido.
Nos anos seguintes, com o
crescimento da comunidade do LACIGF e com o seu posicionamento como um fórum
regional relevante, observou-se a evolução para um esquema de governança mais
complexo, que levou à criação e subsequente consolidação de um Comitê de
Programa, que lidera a organização do fórum e inclui várias partes interessadas
(Governos, Sociedade Civil, Setor Privado e Comunidade Técnica).
A RITS (agora NUPEF) continuou a
hospedar listas de discussão e o site durante alguns anos; o LACNIC continua
desempenhando seu papel de Secretaria de Logística e Operações e mantém sua
função no Comitê de Programa.
Os trabalhos desenvolvidos pelo
LACNIC vão além da mera organização do evento e incluem apoio ao Comitê de
Programa, captação de recursos e administração desses fundos, gestão do
conteúdo do site, da comunicação e das redes sociais e gestão dos programas de
bolsas de estudos, entre outras funções.
O Comitê de Programa abrange os
vários grupos de interesse, que se organizam para nomear seus representantes;
atualmente, ele é composto por três representantes de cada um dos setores que o
compõem (12 no total).
Nos últimos meses, várias propostas
de revisão do LACIGF foram sugeridas, com o objetivo de introduzir melhorias. A
comunidade e nos atores organizados começaram a sentir que o LACIGF estava
perdendo relevância e precisava ser reavaliado.
No final de maio, o LACNIC sugeriu
ao Comitê de Programa a realização de um estudo de revisão do LACIFG para gerar
insumos para tal discussão. O Comitê de Programa decidiu que tal estudo seria
valioso. Assim, o LACNIC iniciou esse projeto, fornecendo recursos para o
financiamento da primeira parte.
2. Participação no
processo
Nos últimos dois meses, foram
abertos vários canais de participação:
- Entrevistas
individuais com pessoas de diferentes grupos de interesse.
- Chamadas
abertas para discussão em três idiomas (português, inglês e espanhol)
- Reuniões
ad hoc em outros eventos
- Reuniões
organizadas a pedido das partes interessadas
- Comentários
e contribuições por escrito pelo endereço de e-mail procesoabierto@lacigf.org
É impossível incluir todas as
pessoas, mas o universo de pessoas consultadas ou que participaram
proativamente do processo é altamente representativo da diversa comunidade
regional.
No total, 157 pessoas participaram
no processo:
- 39 entrevistas individuais (21 homens e 18 mulheres)
- 37 pessoas nas três primeiras chamadas abertas (7 em português, 23 em espanhol e sete em inglês)
- 12 comentários por escrito
- duas conversas informais com pessoas interessadas
- 67 participantes em reuniões ad hoc, virtuais ou presenciais.
- sete participantes em uma reunião em Córdoba durante o Congresso Latino-americano de Telecomunicações (CLT).
- 22 pessoas durante visita ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
- 15 pessoas em conferência com o grupo de assuntos políticos da LACTLD.
- oito pessoas em conferência com o grupo de trabalho de Governança da Internet da eLAC.
- 13 pessoas em conferência com grupo de participantes ativos da comunidade da internet do Caribe.
As 157 pessoas que participaram do
processo de uma maneira ou de outra pertencem a 22 países da região.
Como primeira conclusão positiva, é
importante enfatizar que o processo de consulta tem sido uma forma de
mobilização, aumentando a atenção ao LACIGF e gerando expectativas sobre seu
futuro.
Essa grande participação trouxe
várias informações valiosas: ideias, críticas, diversos pontos de vista e
muitas propostas. É impossível transmitir todas essas contribuições neste breve
relatório, que é propositalmente curto para facilitar sua leitura e para que
efetivamente se torne uma peça útil para o futuro. É por isso que o relatório
se concentra na busca dos pontos em comum, o common ground do inglês,
que é, em última análise, o objetivo do trabalho colaborativo de construção, um
dos pilares do trabalho com múltiplas partes interessadas.
3. Diagnóstico
A visão geral da maioria das pessoas
que participaram do processo de consulta, incluindo aquelas que não participam
regularmente do LACIGF, é que este é um fórum/mecanismo valioso que tem sido
muito bem-sucedido e inovador, mas que tem perdido relevância nos últimos anos.
Várias causas dessa perda de
relevância foram identificadas:
- O
formato baseado principalmente em painéis, pouco atraentes. Baixa
interatividade.
- A
participação desequilibrada dos grupos de interesse. A participação do setor
governamental e do setor privado é vista como menor e a da sociedade civil é
percebida como sendo maior. Essa observação pode ser entendida como causa ou
consequência. A baixa participação de alguns setores pode ser motivada pelo
fato do fórum não ser suficientemente atrativo para esses grupos; ao mesmo
tempo, a participação desequilibrada de diferentes setores torna o fórum menos
atraente.
- A
repetição dos palestrantes e moderadores ao longo de várias edições do fórum.
- A
falta de resultados tangíveis do fórum.
- A
falta de acompanhamento das questões, o que leva à repetição de agendas e
discussões (não se elabora sobre o que já foi discutido anteriormente). Este
ponto está parcialmente relacionado ao item anterior.
- A
inexistência de vínculos com outros fóruns regionais e IGF nacionais.
- O
baixo impacto das discussões do LACIGF no desenvolvimento de políticas
públicas, que ocorre principalmente em nível local.
Além disso, a comunicação interna
dentro de cada grupo de interesse e a transparência do trabalho do Comitê de
Programa foram apontadas como duas áreas nas quais há oportunidades de melhoria
para aumentar o conhecimento e interesse sobre o LACIGF na região.
Em suma, o surgimento do LACIGF e o
trabalho realizado neste fórum (e em torno dele) é visto de forma bastante
positiva e, ao mesmo tempo, sua situação atual é avaliada de forma crítica.
Dessa visão crítica generalizada
surge uma pergunta específica: vale a pena fazer um esforço para melhorar o
LACIGF ou ele deve ser mantido apenas até que seu ciclo seja concluído?
Essa questão é especialmente
relevante no contexto atual, considerando o surgimento de vários fóruns
relacionados a questões mais específicas, além de mecanismos de consulta ad
hoc de múltiplas partes interessadas, criados por governos ou por empresas
privadas.
Quanto à questão principal, a grande
maioria das pessoas que participaram desta análise respondeu sem hesitação que
sim, deve ser feito um esforço para melhorar o LACIGF.
A principal razão apresentada é que
o LACIGF é um espaço único. Um espaço que pertence a todos e a ninguém ao mesmo
tempo, o único lugar onde todos os grupos de interesse participam efetivamente
em igualdade de condições, sendo também aberto a indivíduos e organizações que
não fazem parte formalmente de um grupo de interesse específico.
Há um consenso geral de que vale a
pena fazer um esforço para manter esse fórum ou mecanismo, mas somente se
melhorias que preservem e aumentem sua relevância sejam introduzidas. Esta
relevância é entendida fundamentalmente em termos do impacto das discussões
sobre os processos de desenvolvimento de políticas regionais e locais.
4. Melhorias
sugeridas
O processo começou a partir de uma
folha em branco, para não criar vieses na consulta. O objetivo era descobrir
quais ideias e opiniões surgiam da própria comunidade. Entretanto, identificou-se
uma grande convergência nos comentários, facilmente classificados em seis
categorias: PARTICIPAÇÃO, CONTEÚDO, FORMATO DA REUNIÃO, TRABALHO
INTERSESSIONAL, ESTRUTURA DO LACIGF E MODELOS DE FINANCIAMENTO.
4.1 Participação
- Uma
das propostas básicas nesta área é a necessidade de maior divulgação. Em várias ocasiões, os
entrevistados mencionam que o LACIGF não é conhecido em seus ambientes, o que
dificulta sua participação no fórum.
- A
possibilidade de divulgação dos detalhes da reunião com maior antecedência,
principalmente a programação e lista de palestrantes, destaca-se como um
ponto fundamental. Os representantes dos governos e do setor privado foram os
que mais expressaram a dificuldade de “vender internamente” a importância do
LACIGF sem esse tipo de informação.
- Representantes
do governo informaram que a comunicação oficial por meio dos Ministérios das
Relações Exteriores, incluindo convites para o evento, é muito importante
para justificar não apenas as viagens, mas também a alocação de mais tempo e
esforço ao LACIGF. Este não é um ponto difícil de resolver, já que o governo do
país onde a próxima reunião será realizada pode ser convidado a se engajar
nesse esforço, que também pode ser feito pela secretaria por meio das
embaixadas. Além disso, e de maneira consistente com a abordagem de múltiplas
partes interessadas, o envolvimento do governo local (que deve estar disposto a
assumir esse papel de comunicação) poderia ser estabelecido como requisito para
as próximas sedes da reunião.
- Conforme
mencionado no ponto 2 deste relatório, um dos pilares do trabalho com múltiplas
partes interessadas é o espírito colaborativo e construtivo. Algumas áreas são
mais apropriadas para denúncias e antagonismo; outros lugares, como esses
fóruns, devem focar na construção de oportunidades de colaboração e construção
coletiva. Nesse processo, mencionou-se várias vezes a importância de se
recuperar ou fortalecer esse espírito colaborativo/construtivo para
incentivar a participação de todos os atores, para que todos se sintam em
um espaço seguro para o debate. Para tanto, é necessário que os moderadores se
sintam preparados e apoiados nessa função.
- Muitos
também propuseram a organização de uma sessão de alto nível, não no
estilo do IGF global, que é apenas uma série de apresentações, mas algo em um
formato semelhante ao usado no NetMundial em 2014. Essa poderia ser uma sessão
no último dia do LACIGF como parte do programa ou no dia seguinte ao LACIGF, caso
a sessão seja considerada como anexa ao fórum, mas não parte dele. No Fórum
Regional de Governança da Internet da Europa (EURODIG), por exemplo, no dia
seguinte ao evento, é organizada a reunião do High Level Group on Internet
Governance (HLIG), organizada
pela Comissão Europeia. O HLIG é um grupo formal e a sua reunião consiste em
uma parte aberta a todos os atores e outra limitada aos governos e à Comissão
Europeia. Este é apenas um exemplo que não precisa ser replicado, mas mostra
uma maneira de implementar essa proposta.
- A produção de conteúdo, que
será analisada mais adiante, também é indicada como forma de promover a
participação. Aqueles que propõem essa medida argumentam que, se o LACIGF
apresentar resultados tangíveis, vários atores terão mais interesse em
participar.
4.2
Conteúdos
- A
visão mais geral é que a agenda do LACIGF deve ser mais focada e que é
preciso priorizar as questões mais relevantes do momento. Para abordar os
poucos problemas identificados como relevantes, várias propostas podem ser
complementares. Podem ser criados clusters, ou um tópico pode ser
tratado em diferentes sessões de diferentes perspectivas: por exemplo, o mesmo
tema pode ser abordado de um ponto de vista regulatório, econômico, jurídico ou
tecnológico.
- Embora
exista uma demanda por discussões mais focadas, como mencionado no ponto
anterior, observa-se um desafio, pois parece haver uma contradição com duas
outras questões importantes. Por um lado, uma proposta é considerar a
situação dos países que estão avançando em velocidades diferentes no
desenvolvimento da Sociedade da Informação e que, portanto, podem ter
prioridades diferentes daquelas dos países mais avançados da região nesta área.
Por outro lado, outra proposta é que o LACIGF seja o fórum de discussão das
questões emergentes para conscientizar a comunidade regional sobre os grandes
desafios do momento. Essas propostas não são realmente contraditórias, mas demandam
inteligência na preparação de agendas que combinem espaços de discussão muito
focados com espaços para abordar questões mais gerais e que contemplem as
prioridades e necessidades de diferentes partes de nossa comunidade que
vivem em diferentes realidades e em países que estão em diferentes estágios de
desenvolvimento das TIC.
- Nos
últimos anos, a forma como a agenda do LACIGF é preparada apresentou algumas
mudanças. Em geral, os entrevistados avaliam a possibilidade de participar da
consulta pública que acontece todos os anos de forma muito positiva; a
combinação dessa consulta com as consultas aos grupos de interesse organizados
também é valorizada. Algo que é proposto de forma recorrente é que a agenda continue
a ser preparada com base na consulta pública e na consulta aos atores
organizados, além de contribuições dos IGF nacionais ou outros processos
equivalentes de participação de múltiplas partes interessadas.
- Existe
um consenso bastante difundido de que seria positivo que o LACIGF produzisse
resultados mais tangíveis. As opções variam, mas parece haver uma
convergência para a possibilidade de que esses resultados reflitam os aspectos
mais importantes dos debates, principais posições e consensos de alto nível
(quando possíveis), bem como os pontos de discordância. É importante
ressaltar que não está sendo proposto que a obtenção do consenso seja forçada,
mas sim que as características da não negociação sejam mantidas e que, quando
existirem, os consensos sejam registrados. Sobre a preparação dos relatórios,
várias opções foram levantadas nas conversas; essas sugestões devem ser levadas
em conta para uma potencial implementação dessas recomendações.
- Uma
forte demanda quanto ao conteúdo do LACIGF é que as discussões não se
repitam. Entende-se que, às vezes, algumas questões permanecem na agenda
porque continuam a ser relevantes, mas argumenta-se que as discussões devem ser
construídas com base nas discussões e resultados anteriores, evitando-se a
repetição dos mesmos debates. Para tanto, é importante considerar a
recomendação incluída no ponto anterior, pois uma melhor documentação das
discussões permitiria um melhor acompanhamento delas.
4.3
Formatos
- Poucos
pontos geraram tanto consenso quanto a necessidade de continuar explorando
formatos mais interativos para discussão. Formatos baseados exclusivamente
em painéis são obsoletos. Um entrevistado mencionou o “formato de
ensino”, onde um ou vários especialistas ensinam o resto do público. O
tempo que o público tem para interagir geralmente é limitado, o que gera
frustração nos participantes. Isso não significa que os painéis ou
apresentações devam ser totalmente eliminados; na verdade, eles são importantes
e podem ser inspiradores. É muito bom ter especialistas que saibam mais sobre
determinado assunto, mas o “formato de ensino” não pode ser o formato usual de
debate. Durante o processo de consulta, muitas ideias de melhoria para esse
tópico foram levantadas:
- Discussões entre pessoas que
ocupam posições diferentes.
- Modelos teatrais de discussão.
- Sessões moderadas, sem
painelistas
- Sessões com formação de grupos
(break out sessions)
- Como
observado no ponto 3, a repetição das mesmas pessoas como palestrantes ou moderadores
foi apontada como um problema. A contramedida proposta é uma maior
rotatividade e diversidade entre os palestrantes e moderadores, quando
essas funções existirem. Embora a igualdade de gênero nesses papéis seja uma
questão que se faz obviamente presente, a demanda por diversidade engloba
outros aspectos, como o cultural, geográfico e de idioma, além de uma forte
ênfase no equilíbrio geracional, dando papéis maiores aos jovens.
- Melhorar
a transparência na montagem de painéis e seleção de palestrantes é
outra proposta clara, que oferece oportunidades para pessoas diferentes
aspirarem a ocupar esses papéis de forma proativa.
4.4 Trabalho
Intersessional.
A opinião dos
participantes desta consulta é quase unânime quanto à importância de se mudar a
abordagem do LACIGF, para que não seja apenas uma reunião anual e passe a
ser algo mais permanente. Mais focado nas questões do que na reunião em si.
Várias atividades
que poderiam ser continuadas durante o ano foram citadas. A maioria são ideias
que se complementam:
- Grupos
de trabalho virtuais para continuar os debates da reunião do LACIGF, preparar
as decisões antes da reunião e/ou tratar as discussões durante todo o ano (algo
semelhante ao BPF – Best Practice Forums do IGF global).
- Identificação
de questões prioritárias.
- Coordenação
com outros fóruns nacionais, regionais e globais.
- Atividades
de divulgação
- Envio
de materiais do LACIGF para os atores relevantes da região.
Para
melhorar este trabalho intersessional, evidencia-se a necessidade de melhorar
as ferramentas de suporte; primordialmente, há um consenso significativo em
relação à necessidade de melhorar os repositórios de informações e
implementar plataformas de colaboração virtual.
4.5
Estrutura do LACIGF
A
contribuição do LACNIC até agora na secretaria do LACIGF é avaliada de forma
bastante positiva pela comunidade. O LACNIC não foi apenas um dos criadores
dessa iniciativa, juntamente com RITS/NUPEF e APC, mas também continua a
desempenhar essa função, que inclui apoio ao Comitê de Programa, organização do
evento, captação de recursos e implementação operacional do programa de bolsas
de estudo, entre outras responsabilidades.
Embora
o trabalho realizado até o momento seja bem avaliado, a necessidade de evoluir
essas estruturas é apontada de forma majoritária. As principais propostas estão
listadas a seguir:
- O
Comitê de Programa deve ter mais visibilidade e assumir responsabilidades mais
claras em relação à comunidade.
- Todos os membros devem se
comprometer em igualdade de condições.
- Os papéis e responsabilidades
do Comitê devem ser claros.
- Se houver mais transparência e
melhor comunicação, o trabalho do Comitê será mais valorizado e mais pessoas
desejarão ser voluntárias para esse cargo.
- O processo para fazer parte do
Comitê deve ser mais claro. Maior clareza nos critérios de elegibilidade e
processos.
- Embora não seja uma
recomendação unânime, vários entrevistados afirmam que seria bom criar
responsabilidades de liderança dentro do Comitê (um presidente, por exemplo)
para dar mais visibilidade.
- A
proposta de criação de uma secretaria permanente do LACIGF conta com apoio
significativo. Várias das recomendações mencionadas nos pontos anteriores
demandam energia e esforço. Uma secretaria permanente seria uma forma de
enfrentar esses desafios com sucesso. Por outro lado, percebe-se a necessidade
de uma instância que atue entre o Comitê de Programa e a secretaria
operacional-logística atualmente gerenciada pelo LACNIC. O consenso entre os
que apoiam a criação dessa secretaria é que ela deveria ser “leve” e
não burocrática.
4.6
Financiamento
Nas
entrevistas e discussões realizadas, a discussão sobre como o LACIGF deve ser
financiado foi levantada.
As
melhorias e a evolução propostas naturalmente demandariam recursos e, portanto,
o financiamento do LACIGF em sua totalidade não é uma discussão trivial.
Diante
da pergunta específica sobre se o modelo de financiamento deve mudar ou
permanecer o mesmo, a maioria responde que o modelo baseado em doações é o
melhor e que, se o LACIGF ganhar relevância junto a todos os atores
regionais, será mais viável manter os atuais doadores e captar novos.
No
entanto, outras opções complementares foram apontadas. Algumas delas são a
criação de uma estrutura de filiação, organização de reuniões autossuficientes
(onde os custos sejam cobertos pelo anfitrião) e a separação dos programas de
bolsas de estudo dos custos operacionais do LACIGF e sua reunião anual.
5. Conclusões e próximas etapas
Como
demonstrado neste relatório, o LACIGF conquistou seu lugar no ecossistema da
internet regional. Várias pessoas, de diversos setores e de diferentes partes
da região, concordam que este fórum não só tem sido inovador, bem-sucedido e
importante, mas também que ainda há um lugar relevante para o LACIGF no futuro.
A
comunidade regional também acredita na necessidade da evolução deste mecanismo,
que deve se tornar uma ferramenta apropriada para enfrentar uma realidade e um
futuro desafiadores, influenciando o desenvolvimento de políticas relacionadas
à Internet a partir de uma perspectiva de múltiplas partes interessadas.
Como
descrito no ponto 3, o LACIGF é um fórum exclusivo que não pertence a ninguém
e, portanto, é propriedade de todos.
As
mudanças sugeridas não são triviais e, caso se decida por sua implementação,
exigirão esforço e comprometimento de todos os atores envolvidos.
Quais
devem ser os próximos passos?
Se
consensos amplos forem alcançados durante a discussão no LACIGF 12 em La Paz,
será possível elaborar um roteiro, cuja implementação deve estar sob a
liderança do Comitê de Programa.
Parece
haver mérito suficiente para uma nova etapa deste projeto, não apenas para
implementar algumas ideias que não requerem grandes avaliações, mas também para
aprofundar as análises e elaborar propostas para a implementação de outras
ideias mais complexas.
Depois
da discussão em La Paz e das considerações do Comitê de Programa do LACIGF, o
próximo passo seria a elaboração de uma proposta concreta para a segunda etapa
do projeto, incluindo objetivos, cronogramas, custos e esquemas de
financiamento.
Alguns
dos objetivos da próxima fase deste projeto poderiam ser:
- Articulação
entre o anfitrião do LACIGF 13, a Secretaria e o Comitê de Programa, para
definição antecipada dos detalhes organizacionais da reunião de 2020.
- Identificação
de prioridades, consulta pública e preparação de agenda.
- Sugestão
de processos para melhorar a comunicação do Comitê de Programa.
- Revisão
e desenvolvimento propostas de melhorias para o site e repositório de
informações.
- Comunicação
formal com governos da região e atores organizados sobre os resultados do
LACIGF 12 e preparação para o LACIGF 13.
- Avaliação
de mudanças na estrutura do LACIGF, incluindo a possível elaboração de um
cronograma para a criação de uma secretaria e modelos de financiamento de médio
prazo.
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